Lá no final dos anos noventa quando eu comecei a fazer trilha de moto…
Certa vez. Lá no final dos anos noventa quando eu comecei a fazer trilha de moto, aconteceu comigo a seguinte estória:
Estava num grupo de seis motos. Eu com a DT 180 ano 88 e os demais com motos mais novas, muitas delas importadas.
No final da tarde quando voltávamos pro lugar onde tínhamos deixado o carro, uma chuva forte começou a cair.
O pessoal começou a enrolar o cabo e eu acabei ficando pra trás. Cheguei numa encruzilhada e não dava pra ver pra que lado os caras tinham ido… Já estava escuro, chovendo eu nunca tinha passado por ali e a DT não tinha farol.
Escolhi o caminho da direita e comecei a descer uma estradinha que cada vez ficava mais estreita, foi quando passei por um lugar alagado e a velha DT 180 apagou.
Pedala, pedala e nada…. só o cheiro de gasolina subindo.
Tava eu lá. Fodido, com frio, perdido, e com a moto sem funcionar. Apenas algumas ferramentas na pochete.
Foi quando ouvi uma voz vindo de um campo…. ela sussurrou:
“Drena a cuba!”
Eu, meio assustado, saquei uma chave Philips e esgotei…. saiu um monte de água junto com a gasolina.
Montei na moto e quando fui dar a primeira pedalada ouvi mais uma vez a tal voz dizer:
“Tira a vela, pedala bastante com a gasolina fechada e depois coloca uma nova”.
Mais uma vez olhei em volta já tremendo de medo…. Não tinha ninguém lá. Só um cavalo velho e magro.
Fiz o que a voz falou e não deu nega. A DTzinha ligou na segunda pedalada….. Enquanto guardava as ferramentas louco pra seguir caminho escutei:
“Segue em frente e depois vira sempre pra direita”
Montei na moto e depois de uns 15 km cheguei num boteco onde meus amigos me esperavam preocupados.
Eu tava branco de medo e contei o acontecido. Começaram a me zoar e dizer que eu tava inventando história. …
Foi quando um senhor já de idade interrompeu a conversa.
Me perguntou onde tinha acontecido isso. Respondi que foi no pé da Serrinha pouco depois de uma ponte de madeira.
Ele deu uma pitada no paiero e me perguntou se não tinha mais ninguém lá. Respondi de pés juntos que só tinha um cavalo.
O velho deu mais um trago na pinga e me perguntou a cor do cavalo. Respondi que era branco.
Ele então levantou a aba do chapéu e disse:
Você deu sorte que era o branco. Porque o preto não manja nada de 2 Tempos.